Câncer de Próstata
Câncer de Próstata
A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, localizada abaixo da bexiga, e sua principal função é na produção de fluidos que nutrem os espermatozoides. Quando avaliamos o volume do ejaculado observamos que somente 10% vem do testículo, 70% vem das vesículas seminais, localizadas junto à próstata, e 20% vem da próstata, portanto a próstata e as vesículas seminais têm extrema importância na reprodução.
O PSA (antígeno prostático específico), é uma proteína produzida no epitélio colunar da próstata que ajuda a dissolver o ejaculado, liberando desta forma os espermatozoides para a fecundação. Por ser específico da próstata, é utilizado como um marcador para o câncer de próstata, porém valores aumentados não necessariamente se traduzem em câncer, uma vez que diversas situações que envolvem a próstata podem também subir o valor do PSA, como: prostatite, sondagem vesical, após biópsia de próstata, dentre outros.
O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelo câncer de próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%), segundo dados do INCA 2023.
Fatores de Risco
Até o momento não muito bem conhecidos, porém idade (quanto mais idoso, maior o risco), história familiar e raça negra parecem ter maior associação com o câncer de próstata. Pacientes com 03 ou mais parentes, ou 02 parentes com câncer de próstata < 55 anos têm chance de ter o tumor 6 – 7 anos antes que o resto da população.
Medidas dietéticas e estilo de vida parecem não ter influência na prevenção de câncer de próstata, porém cultivar uma vida saudável com certeza aumenta a chance de ter uma velhice com muito mais qualidade.
A reposição hormonal com testosterona nos homens hipogonádicos não aumenta o risco de ter câncer de próstata, portanto pacientes com baixos níveis de testosterona podem realizar a reposição com segurança.
Portanto o que sabemos é que a melhor forma de prevenção é o diagnóstico precoce da moléstia, com isso conseguimos aumentar muito a chance de cura.
Prevenção ou Rastreamento precoce, quando devem ser iniciados?
A Sociedade Brasileira de Urologia orienta iniciar o rastreamento do câncer de próstata para todos os homens a partir dos 50 anos e para os homens com fatores de risco a partir dos 45 anos, sempre com PSA (exame de sangue) e toque retal. A partir disso, sempre uma vez por ano.
Antes de colher o exame de sangue PSA, é necessário algum tipo de preparo?
Sim, recomenda-se jejum de 4 horas, ficar sem ejacular, não andar de bicicleta ou à cavalo 48 horas antes, não ter feito colonoscopia nos últimos 15 dias e não ter utilizado sonda vesical nos últimos 7 dias.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado com base no exame de sangue, chamado PSA e toque retal. Se algum dos dois estiverem alterados, é indicado realizar um exame de imagem chamado Ressonância Nuclear Magnética Multiparamétrica, após biópsia da próstata, e a partir disso se faz ou afasta o diagnóstico do câncer.
Estadiamento Clínico
Após ter feito o diagnóstico do câncer de próstata, é obrigatório estratificar o risco do paciente e estadia-lo, para saber se o tumor está localizado somente na próstata ou já se espalhou para o organismo.
Muito baixo risco
- PSA < 10 ng/dl
- Biópsia: ISUP 1 ou Gleason 6 (3+3)
- Até 2 fragmentos positivos
- No máximo 50% de cada fragmento acometido
- TR: cT1
Baixo risco
- PSA< 10 ng/dl
- ISUP 1 ou Gleason 6 (3+3) e TR: cT1 – cT2a
Intermediário favorável
- PSA: 10-20 ng/dl
- Biópsia: ISUP 2 ou Gleason 7 (3+4)
- TR: cT2b
Intermediário desfavorável
- PSA: 10-20 ng/dl
- TR: cT2b
- Biópsia: ISUP 3 ou Gleason 7 (4+3)
Alto risco
- PSA> 20 ng/dl
- TR: cT3 – 4 ou N+ (linfonodo suspeito)
- Biópsia: ISUP 4 ou 5 ou Gleason 8,9 ou 10
Após estratificar o risco do paciente, é necessário estadia-lo. Nos casos de muito baixo e baixo risco, não há necessidade de nenhum exame complementar, mas a partir do risco intermediário, se torna necessário realizar alguns exames de imagem para afastar a presença de doenças fora da próstata.
Tratamento
Doença localizada somente na próstata:
Existem diversas formas de tratar o câncer de próstata com a intenção curativa, mas basicamente existem duas grandes modalidades: a cirurgia e a radioterapia, ambas têm como objetivo a cura do câncer, causando o mínimo de sequela possível.
Cirurgia
A cirurgia tem como objetivo a retirada completa da próstata. Existem diversas formas para a retirada da próstata, incluindo a convencional chamada de prostatectomia radical retropúbica, a prostatectomia radical perineal, e as minimamente invasivas, como a prostatectomia radical videolaparoscópica e a prostatectomia radical robótica.
Cuidados pós-operatórios
Geralmente o paciente interna na véspera da cirurgia, o tempo cirúrgico depende de cada técnica utilizada, mas varia de 1 hora até 3 horas. Na maioria das vezes não precisa de cuidados intensivos, ou seja, acaba a cirurgia, vai para a recuperação pós-anestésica e para o quarto.
Complicações cirúrgicas
As principais complicações da prostatectomia radical são incontinência urinária e impotência. A perda de urina pode ocorrer de forma transitória ou definitiva.
Radioterapia
A radioterapia é reservada para os pacientes que têm contra-indicação para realizar a prostatectomia radical, e como todas as modalidades terapêuticas, tem vantagens e desvantagens em relação à cirurgia.
Efeitos colaterais da radioterapia
Os efeitos colaterais podem ser divididos em agudos e tardios. Os efeitos agudos são brandos na maioria dos casos, como dor e ardor para urinar, e micções frequentes. Já os efeitos tardios ocorrem após 18 – 36 meses do término do tratamento.
Seguimento
Após o tratamento, o paciente deve seguir realizando o exame de PSA, com a frequência de 4 a 6 meses por 2 anos, e após 1 vez por ano por pelo menos 5 anos.